sábado, 28 de junho de 2008

"Beer bus" e a bebida ao volante

Prezados senhores

A nova legislação brasileira sobre controle de motoristas (bebidas e direção) é draconiana, devendo afetar os interesses de vocês e os nossos (consumidores).

Gostaria de fazer uma sugestão que talvez já exista em suas análises.

Adiante um artigo (com algumas correções) que escrevi e publiquei em jornal de Curitiba em 2006.
Creio que o tema é atual.
Imagino que uma associação entre fabricantes, seguradoras, sindicatos de bares e hotéis etc. para viabilização de um sistema de “leva e traz” poderia reduzir o custo do transporte especial para freqüentadores de bares e restaurantes, além de se constituir em mídia positiva.
Tenho experiência nessa área pois, como sabem, fui diretor de planejamento do transporte coletivo urbano de Curitiba durante 3 anos (prefeito Roberto Requião) e consultor do prefeito de Blumenau em transporte coletivo urbano (administração Décio Sales).´

Por favor, pensem no assunto e libertem a nossa vontade de tomar umas cervejinhas...

Um grande abraço


Eng. João Carlos Cascaes


Beer bus e a bebida ao volante
Anglicismos são uma ofensa à nossa língua, mas às vezes soam tão bem que fica difícil não adotá-los. “Beer bus” pode ser desagradável a quem sonha com o império de nossa língua mas nunca foi tão oportuno quanto agora pensarmos em algo tão simples quanto um sistema de transporte para pessoas que pretendam aproveitar um final de semana em algum bar ou restaurante. A denominação, o nome fantasia fica ao gosto dos publicitários mas, para mim, “Beer bus” seria um bom nome.
Em relação ao que vamos propor, considerando que a mídia é importante, vale a pena pensar com profundidade o que significa a nossa proposta, pois, acima de tudo, queremos que o trânsito e a vida em nossas cidades sejam mais seguros e que as pessoas se divirtam mais.
Ações policialescas, simplesmente, são antipáticas e em nosso país de tantas injustiças servirão para punir os pobres e criar privilégios para os ricos, sempre apoiados por equipes de advogados. Isso significa que cidades, que pretendam serem justas, amigáveis e ajustadas à realidade social da juventude, principalmente, devem encontrar soluções que compensem as restrições criadas por leis que foram feitas para se evitar os abusos de rotina em nossas noites, com destaque nos finais de semana, quando todos procuram uma forma de se divertir.
Qualquer abuso na bebida cria condições de punição severa se o motorista for flagrado dirigindo algum carro, de acordo com as leis brasileiras.
A lei é assim porque as estatísticas mostram que o álcool é um dos principais responsáveis pelos acidentes em nosso país. Fazendo contas poderemos, facilmente, chegar à conclusão de que centenas de milhares de brasileiros já morreram ou ficaram aleijados graças aos abusos etílicos próprios ou de terceiros ao volante. Quanto sofrimento que poderia ter sido evitado...
A lei é dura e por isso talvez esteja sendo aplicada com miopia pela polícia de trânsito. Em qualquer noite, se quiser, poderá encher as cadeias com pessoas que saem para curtir a balada, como dizem os mais jovens. Lamentavelmente, se a polícia agir como deve, transformará em criminosos registrados em cartório inúmeros brasileiros, pois há muito a ser esclarecido e disciplinado e não será fácil chegarmos ao padrão desejado.
Nossos prefeitos poderiam, diante deste cenário, e a favor da qualidade do trânsito nas cidades, por em concorrência e viabilizar sistemas dedicados a esse tipo de passageiro. Micro-ônibus e táxis poderiam ter incentivos e direito de patrocínio de bares, restaurantes e fabricantes de cerveja e até seguradoras para esse tipo de atendimento. A administração municipal definiria critérios de atendimento em conjunto com os maiores empresários nessa área e, estabelecidas as condições, colocar em disputa os sistemas, permitindo que os interessados adotassem a segurança dos seus clientes como diretriz de negócio.
Note-se que os preços da gasolina e do álcool estão elevados, qualquer estacionamento é caro, em determinadas situações é até difícil encontrar o bar ou restaurante que se procura assim como no retorno para casa o motorista mais irresponsável estará inabilitado, confuso, sem condições mentais e motoras para dirigir.
Veículos com recursos especiais de conforto e segurança, com motoristas bem treinados (inclusive em técnicas de socorro a "bebuns"), poderiam ser a base do sistema que teria, além disso, inúmeras formas de gerenciamento, desde a simples disponibilização dos carros até o rastreamento das pessoas que o utilizarem. Bem dimensionado custaria menos do que se gasta ao se utilizar o transporte pessoal, individual e em internações em hospitais etc...
Outro aspecto importante da existência de um sistema dessa espécie seria tirar de casa pessoas que já se sentem muito velhas para dirigir e que não querem se aventurar com táxis desconhecidos durante a noite. As grandes cervejarias, que tanto gastam em propaganda, teriam mais um espaço de mídia e a certeza de que, agindo dessa forma, estariam contribuindo para a redução do índice de letalidade dos acidentes urbanos.
Cada cidade pode criar sua marca na denominação dos seus atendimentos noturnos a passageiros que desejam beber sem medo do volante. De "carro do pinguço" a simples e prosaicas identificações, como "transporte de passageiros com restrições", as equipes de mídia e de engenharia, arquitetura e urbanismo haverão de descobrir nomes simpáticos que, além disso, sirvam de atração turística para suas comunidades.
Precisamos de metrô, ônibus, táxis e carecemos também de serviços especializados para o transporte de pessoas em condições especiais.
Encontrar uma solução para o desafio que é inibir a direção após bebedeiras é um processo que evitará que muitos acabem nos tribunais, quando não nos hospitais ou nos cemitérios.


Eng. João Carlos Cascaes

Endereço(s) de email(s):
jccascaes@onda.com.br
Rua Dorival Pereira Jorge, 282, Vila Isabel
Curitiba PR 80320-060
Telefone: 32427082

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